quarta-feira, 28 de abril de 2010

A importância do animal na vida da criança.


A relação entre o homem e os animais domésticos existe há milhares de anos e tem sido objeto de estudo em várias áreas do conhecimento como a Antropologia, a Paleontologia, a Sociologia, a História das Mentalidades e a Psicologia. O estudo dos papéis desempenhados pelo animal de estimação na relação com os homens, bem como os desejos projetados por estes sobre os animais podem trazer importantes conhecimentos sobre o psiquismo humano. Quando a criança começa a crescer e a sensibilizar as suas relações de afeto, os objectos passam a ser substituídos por seres vivos. De todos os animaizinhos de estimação o mais comum e que mais interage com o ser humano é o cão. Com ele a criança pode brincar, correr, explorar o ambiente e viver novas experiências. Há um benefício significativo aqui: a criança não interage com total poder sobre o objeto de afeição e as suas ações provocam reações. O cão pode correr para apanhar o objeto lançado, pode rosnar e até morder. Ele reage ao carinho, abana o rabo, salta.. e agride, se for maltratado. E não é só o cão que interage com a criança, apesar de ser o mais comum, outros animais também têm um papel importante. O gato encosta-se e deixa fazerem-lhe festas e os peixinhos alvoroçam-se no aquário quando a criança lhes dá a comida. Além da relação de afeto que se desenvolve, do estímulo ao período sensório (motor, do tocar, do sentir, do explorar o corpo do animal e observar as suas reações), muitos conhecimentos são adquiridos, tanto psicológicos como científicos. Ter um animal também requer cuidados e estes cuidados, orientados por um adulto, estimulam a autonomia e a responsabilidade. Cuidar da limpeza do animal e do seu habitat, cuidar da sua alimentação, dividir o seu pão e oferecer-se um pedaço da sua bolacha, medicá-lo quando necessário, também favorece o desenvolvimento do vínculo afetivo e a lidar com os mais diversos sentimentos, da frustração à alegria e até à morte. É neste aspecto da vida e da morte que o animal de estimação tem um papel muito importante, pois a criança aprende a lidar com a perda e com a dor. Um risco que todos corremos e queremos evitar e poupar, mas o ciclo da vida é assim. Nesta convivência tão saudável e necessária, a criança aprende e desenvolve as suas relações afectivas para o futuro, influenciando assim a sua forma de se relacionar com as outras pessoas e respectivos parceiros, com segurança, compreensão, aceitação e respeito. Se no mundo das artes encontramos lugar para o desenvolvimento da criatividade e do auto-conhecimento, é no mundo da natureza que a criança desenvolve a sensibilidade, a observação, a compreensão e os sentimentos de solidariedade, generosidade, afecto e carinho.

Resumindo:
A criança que convive com animais é mais afetiva, repartindo as suas coisas, é generosa e solidária, demonstra maior compreensão dos acontecimentos, é crítica e observadora, sensibiliza-se mais com as pessoas e as situações. Apresenta autonomia, responsabilidade, preocupação com a natureza, com os problemas sociais e desenvolve uma boa auto-estima. Relaciona-se facilmente com os amigos, tornando-se mais sociável, cordial e justa. Sabe o valor do respeito. Desenvolve a sua personalidade de maneira equilibrada e saudável, tendo mais facilidade para lidar com a frustração e liberta-se do egocentrismo.

Curiosidades:
· Pacientes com autismo foram “acordados” do seu estado de constante recolhimento na presença e convívio com animais;
· Nos Lares de Idosos a presença de animais aumenta as expectativas de vida;
· A hipoterapia (terapia complementar com cavalos) é utilizada no desenvolvimento psicomotor de portadores da síndroma de Down e outras deficiências neuropsicomotoras congénitas ou adquiridas;
· Os animais são indicados para pessoas com deficiências sensoriais (cegos e surdos), dificuldades de coordenação motora (ataxia), atrofias musculares, paralisia cerebral, distúrbios comportamentais e outros problemas.
· O cão é capaz de pressentir antecipadamente as “convulsões” características da epilepsia, seja no ser humano ou em outro animal.

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